quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Minha relação com a docência (Parte 1)

 

Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”. É com esta colocação perfeita de Paulo Freire, com a qual compactuo integralmente, que farei uma breve menção à docência no Ensino Superior. Interessante perceber que o “ser professor” começou antes de me tornar um apaixonado pela escrita. Aos 11 anos de idade, no ápice da avidez pela prática do futebol, aflorou uma grande rivalidade minha com um amigo e vizinho. Ambos da mesma idade... O leitor pode perguntar: o que isto tem a ver com a docência? Pois bem, aos 11 anos de idade tomei a iniciativa de montar um time de futebol dos moleques mais novos (em torno de 6 anos), “ensinar” a eles algumas coisas que eu achava que sabia e treiná-los para, em breve, enfrentar o time formado pelo meu vizinho. Lembro-me que montei táticas em pranchetas, montei plano de treinamento e até esboçamos um plano para espionar o treino do time adversário! 
 
 
Ali começava um verdadeiro amor pela prática de ensinar. Desde cedo, percebi que, como afirma Paulo Freire, “a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Logo na 5ª série, fui o primeiro monitor da turma em redação e literatura. Segui como monitor até o final da 6ª série, quando tive que mudar, pela terceira vez, de escola. Já havia entrado no mundo da escola particular, onde as regras sociais são completamente diferentes da escola pública. De imediato, tornei-me o monitor preferido do professor de redação. E assim fui até o 3º ano do segundo grau, quando decidi fazer o curso de Comunicação Social.  

Aprendi, na primeira palestra de uma psicóloga no curso de Jornalismo, que os mestres que entrariam em sala de aula iriam, ao mesmo tempo, aprender muito com os alunos. Aquela passagem me marcou muito, pois percebi que aquelas referências acadêmicas não eram pessoas perfeitas, não eram profissionais “intocáveis”. E que o aprendizado era uma prática constante de todos os profissionais que se encantam pela magia da educação. Busquei, desde o primeiro dia de aula no Ensino Superior, apreender o melhor de cada professor, tanto em conhecimento quanto em didática. Percebi que muitos eram excelentes, outros apenas bons, muitos regulares e outros ruins/péssimos. Mas percebi também que aquela avaliação era subjetiva, e que os critérios para esta avaliação é que precisavam ser melhores definidos.
 
 
Entender as palavras do próprio Paulo Freire me fez entender esse dilema, quando ele afirma que “educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que pouco sabem - por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais - em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais".
 
 
No último ano de faculdade, após ter a certeza do futuro que eu queria construir, me debati com uma realidade nem um pouco convidável: a de que o mundo era muito maior do que os sonhos profissionais e de ideologia que eu alimentava. Percebi que precisava entrar no mercado e “devolver” o suado e sacrificado investimento feito pelos pais, sobretudo por ter estudado em uma Instituição de Ensino particular. Assim, prestei concurso para o Banco do Brasil e, de imediato, fui aprovado e chamado para assumir o emprego em uma pequena agência do interior. Mesmo assim, não abandonei um dos ideais de vida defendidos por Paulo Freire. “Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanha pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina”. 
 
 
Entretanto, este período foi muito rico para minha preparação como docente. Em função do grande tempo ocioso e da falta de atividades que a cidade me proporcionava, realizei vários cursos oferecidos pela Universidade Banco do Brasil. A maioria deles online, o que proporcionou o contato com uma tecnologia até então desconhecida. Lembro-me que, de imediato, fiz o curso “Aprendendo a Ensinar”, que visava a preparação de professores para os cursos oferecidos pelo Banco do Brasil. Não sabia nada de banco, nem de produtos, muito menos de relações bancárias, mas sabia onde queria chegar no Banco: na Universidade Corporativa. Era o primeiro passo para a histórica que detalharei no próximo post...

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