Começa o maior espetáculo esportivo do Planeta. Estádios com investimentos bilionários, milhares de turistas circulando pelas contradições da África do Sul, tradicionais e esperados problemas na venda de ingressos por parte da FIFA, uma mistura de culturas, hábitos e raças em torno de um torneio que une nações e pessoas (muitas delas em conflitos étnicos e religiosos) em torno da paixão pelo futebol. Para completar, na terra conhecida como o “País do Futebol”, nada mais natural do que setor publicitário faturar, e muito, prevendo crescimento de 12% no mercado em 2010, principalmente devido a campanhas publicitárias inspiradas na Copa da África.
Entretanto, o que podemos perceber é uma mudança de direção em relação aos formatos tradicionais de propagandas focando o evento. Mesmo que o produto vinculado à Copa do Mundo pouco tenha a ver com a prática do esporte (cerveja e refrigerante talvez sejam os principais exemplos, mesmo sendo grandes patrocinadores da CBF), as campanhas estão cada vez mais interessantes e atraentes, abolindo cada vez mais os clichês futebolísticos e a abordagem direta em relação à Copa do Mundo, torcida pela seleção, pseudopatriotismo, etc... Além disso, as grandes marcas começam a perceber que seus públicos estão em outros canais além da TV, durante a transmissão dos jogos.
Baseadas nas críticas feitas pela imprensa e por toda a população brasileira em relação à seleção de 2006, uma das maiores cervejarias do País criou o slogan de “guerreiros” para os jogadores convocados pelo técnico Dunga, criando uma série de propagandas muito bem produzidas contando, inclusive, com a participação de alguns atletas que estarão na África com a camisa amarela. Por mais que possa nos estranhar a assinatura de um jogador de futebol a um produto que, cientificamente, interfere negativamente em seu desempenho profissional, o trabalho interessante de vinculação iniciada por esta mesma marca junto ao atacante Ronaldo, em 2006 (que, inclusive, comemorou gols fazendo o gesto tradicional da cervejaria), parece cada vez mais evidente no mercado. Esperamos, obviamente, que os resultados conquistados em campo sejam bem diferentes em relação aos obtidos naquele ano.
A Copa da África traz uma outra realidade desafiadora: é a primeira que acontece sob a influência das redes sociais e das mídias digitais como Facebook, Twitter, Orkut e YouTube. Essas mídias exigem campanhas e linguagens específicas, além de possuir um público bem mais crítico. Algumas empresas já deram o primeiro passo, como a campanha “El Xavecón”, campanha criada por uma fabricante de lâminas de barbear, que presenteia com uma viagem à África do Sul para quem xavecar melhor, em “portunhol”, três argentinas através de vídeos postados no YouTube e divulgados no Twitter e no Facebook. Uma verdade mistura midiática característica desta nova realidade!
Outra grande cervejaria brasileira mantém uma estrutura com jornalistas e publicitários dedicados exclusivamente para a relação com internautas, analisando seus hábitos de consumo e promovendo a inserção de suas marcas junto a este público. Já um dos maiores canais de TV por assinatura do Brasil, dedicado exclusivamente ao esporte vincula, há cerca de 20 dias, uma emocionante campanha narrada pelo vocalista da banda irlandesa U2, Bono Vox, comemorando seus 50 anos e abordando a importância da Copa do Mundo para o desenvolvimento da África e de seu povo. São quatro vídeos extremamente emocionantes e bem produzidos, de 60 segundos cada, mostrando que a Copa do Mundo te uma importante função econômica e social, indo muito além do consumismo, da propaganda e da chatice das vuvuzelas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário