Emito, após a eliminação do Brasil na Copa 2010, algumas opiniões técnicas a respeito de todo o trabalho realizado pelo técnico Dunga na Seleção Brasileira. Escrevo como jornalista, ressaltando que, como torcedor, gostaria muito de comemorar o hexa e torci muito pela Seleção Brasileira (que não significa o mesmo que torcer para o Dunga), mesmo com toda a arrogância de nosso treinador. Mas como apreciador do futebol, tenho diversas opiniões apontadas desde antes da Copa, e que se mostrou uma realidade nesta sexta-feira. Infelizmente!
Antes de qualquer coisa, para ser técnico de seleção, em uma das duas situações o profissional deve se amparar: ou ser referência como treinador de clubes (do Brasil ou do exterior), como Parreira e Felipão; ou, na pior das hipóteses, ter sido um grande jogador do passado que, pelo que representou para a seleção, merece uma chance como treinador (Zagallo, Falcão e, nesta Copa, vemos isso com Diego Maradona). Nenhuma dessas premissas se encaixam no perfil de Dunga, com o futebol medíocre que desempenhou em sua carreira, merecedor do rótulo de “Era Dunga” como a mais improdutiva (sob o ponto de vista técnico) de nossa história. De início, foi escolhido a “toque de caixa” pela CBF, que precisava, logo após o vexame da Copa de 2006, de algum fantoche, uma espécie de “marionete” no cargo da seleção. E Dunga se encaixava perfeitamente naquele perfil: sem experiência e extremamente dependente daquela oportunidade profissional, pois acabara de encerrar sua carreira dentro de campo. Cenário perfeito para o trágico enredo dessa história. A CBF queria alguém para "tapar o buraco" até que encontrasse o treinador para o projeto Copa 2010.
Mas, ao contrário do que até a própria CBF imaginava, o trabalho de Dunga ganhou corpo e repercussão. Conquistou a Copa América (tudo bem, competição pobre e vazia de prestígio e de boas seleções há muito tempo). Em seguida, levou a Copa das Confederações (venceu, de virada, a mediana seleção dos EUA na final) e terminou, em primeiro lugar, as eliminatórias sul-americanas para a Copa. Não tinha como a CBF não confirmá-lo para a Copa. Dunga "andou sob cascas de ovos" durante quatro anos, mas os resultados o credenciaram para a Copa. Entretanto, a inexperiência e a arrogância o levaram ao grande equívoco que culminou com a desclassificação contra a Holanda: levar para a Copa do Mundo o mesmo grupo que, segundo ele, era de sua confiança. E para ganhar uma Copa do Mundo, talento e habilidade com a bola são muito mais importantes. Confiança ele precisa ter é no candidato que quiser casar com a sua filha. Na Seleção Brasileira tem que ter é “bola no pé”! E foi isso que faltou aos jogadores que ele escolheu para representar o Brasil na África do Sul.
Vejamos só alguns exemplos: Doni é o terceiro goleiro da Roma e não jogava há mais de um ano. Michel Bastos é reserva do Lyon e, quando entra, joga no meio-campo e no ataque. Julio Baptista há muito tempo perambula entre clubes da Europa e está longe de ser unanimidade na Roma. Josué, extremamente limitado, não agradava nem no São Paulo e foi jogar na Alemanha, pior campeonato dos grandes da Europa. Gilberto está na linha descendente da carreira. Grafite jogou duas partidas pela seleção e ocupou lugar de jogadores que possuíam mais futebol (Adriano) ou estava em melhor momento técnico (Diego Tardelli). Sem contar a grande invenção que entregou a Copa: Felipe Melo, reserva em todos os clubes brasileiros por onde passou, fez uma péssima temporada na Juventus e é reconhecido como um atleta indisciplinado e sem nenhuma condição técnica. Mas era de confiança do chefe!
Copa do Mundo é momento e jogadores como os acima citados não são capazes de resolver uma partida como Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Neymar e Ganso. Mas como era um pedido da população, amparada por toda a mídia nacional, era ceder demais para um perfil com tamanho sentimento de onipresença e onisciência das coisas. O tal grupo do Dunga já estava fechado desde o inicio do ano e, por mais que aparecesse algum atleta espetacular, um "novo Pelé", ele não estaria na lista do arrogante treinador.
Mesmo assim, o time brasileiro, mesmo com enormes limitações, não devia muito às melhores seleções da Copa. Espanha, Argentina, Alemanha e Holanda, apontadas como favoritas, não apresentaram futebol muito superior (às vezes até pior) do que o nosso. Mas a falta de humildade do nosso treinador junto ao próprio grupo e, sobretudo, junto à imprensa (principal elo com o torcedor) impediu que muitas informações e energia positiva fossem emitidas ao grupo que, segundo o treinador, estava unido demais (leia-se confinados) na concentração. E faltava-lhe aquilo que todos previam antes da Copa: peças qualificadas de reposição no banco de reservas. Suas escolhas foram extremamente infelizes!
O estilo durão do treinador transformou a concentração da seleção em uma espécie de batalhão do exército, que necessita até de “blindagem” do treinador. E, tal como em uma guerra, a destruição provocada jamais justifica a sua ideologia. E o estrago que o batalhão que o sargento Dunga provocou está aí, e permanecerá por longos 4 anos... E vamos juntos, até 2014! Como diz um amigo meu... Antes tarde do que Dunga!
Nenhum comentário:
Postar um comentário