Está cada dia mais difícil a convivência entre pessoas públicas e alguns órgãos de imprensa. Dunga deu o exemplo e parece que esta convivência conturbada vem se tornando comum. Mais ainda quando se trata do trabalho sério - lapidado com um belo tempero de humor político - feito pelos repórteres do CQC, da Band. Não satisfeitos com os crimes pelos quais são acusados pela polícia e pelo Ministério Público, pessoas que deveriam zelar pela segurança da população partem para agressão física, como se fosse uma de suas atribuições quando eleitos pelo povo. Um vexame!
O primeiro a gerar uma cena patética e deselegante foi o deputado federal Nelson Trad (PMDB-MS), que agrediu, de forma violenta, uma equipe do programa dentro do Congresso Nacional. As imagens foram exibidas no CQC de segunda-feira (14/06), e deixa claro o descontrole e a sensação de grande poder nas mãos de um simples deputado, que depois de 4 anos perde a injusta imunidade parlamentar. Um cinegrafista da emissora ficou com a roupa rasgada e teve parte do equipamento danificado. Pelas imagens, a repórter Monica Iozzi também chegou a ser empurrada. A equipe fazia uma brincadeira, pedindo para que os deputados assinassem um "abaixo-assinado" pedindo a inclusão de um litro de cachaça no Bolsa Família. Como é de praxe do Congresso, vários deles assinaram o documento sem ler e, quando informado do conteúdo, o referido deputado partiu para a agressão.
Na última semana, Danilo Gentili foi novamente agredido em São Bernardo do Campo, quando abordava o perigo de desabamento de um muro em cima de uma escola em São Bernardo do Campo. Na ocasião, o repórter levou um soco no rosto. Passados quinze dias, o repórter Danilo Gentili e o produtor Yuri Cruz Costa foram agredidos, nesta quinta-feira (01/07), enquanto apuravam uma denúncia na cidade de Analândia, interior de São Paulo.Segundo o portal Comunique-se, a agressão aconteceu quando Gentili e seu produtor tentavam entrar na prefeitura. O repórter levou um soco na barriga e o produtor teve a mão prensada na porta do órgão público. O agressor teria sido José Roberto Perin, ex-prefeito da cidade e atual chefe do gabinete do executivo, e Luiz Fernando Carvalho, vereador e cunhado de Perin. O mesmo Gentili, na última semana, foi agredido por guardas municipais de São Bernardo do Campo (SP). Na ocasião, o repórter levou um soco no rosto. Sem contar que, em julh do ano passado, o mesmo Danilo Gentili fora covardemente agredido por seguranças do senador José Sarney, dentro do Senado Nacional.
Interessante perceber como este tipo de abordagem feita pelo CQC tem incomodando as autoridades políticas. Acostumadosa a terem a imprensa do seu lado em virtude de negociatas sem transparência, a maioria desses agentes políticos se colocam em uma situação constrangedora quando algum profissional exerce, de fato, sua profissão. Quando alguém faz uma pergunta que não estava acordada no script passado pela sua assessoria ou quando questionados sobre temas de interesse público (inclusive, de seus eleitores, responsáveis diretos pelo cargo que ocupam), as reações costuma ser de rebeldia e covardia. A cada dia que passa, torno-me um fã incondicional do CQC e apaudo de pé cada edição do programa, que completou, recentemente, a marca de 100 exibições. Que eu esteja vivo para parabenizá-los pelo milésimo programa, uma marca que será histórica para o jornalismo brasileiro. Quem sabe a Band organiza o torneio de Luta Livre para comemorar?
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