segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Candidatos x Comunicação

Terminou neste domingo o período eleitoral e todos só falavam neste processo que culminará com a escolha dos novos governantes de nosso país, bem como de vários legisladores que, em tese, deverão fiscalizar as ações do Executivo. Saindo do censo comum de se analisar os candidatos (todo brasileiro se considera especialista para falar sobre política), tentarei analisar as propostas de marketing e comunicação adotada pelos principais candidatos ao Governo do Estado à Presidência e, dentro de uma ótica da Comunicação Social, verificar a eficiência e a eficácia de cada uma dessas estratégias, independentemente se ela resultará em vitória ou derrota nas urnas.

Em Minas, o atual governador Antônio Anastasia (PMDB) travou um duelo de ideologias com o ex-ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Com uma estrutura “hollywoodiana”, o candidato tucano cumpriu, a risca, seu maior desafio: se apresentar, de forma clara e objetiva, ao eleitor mineiro (que mal o conhecia). Principalmente no interior do Estado, onde sua representatividade era quase nula. Utilizando bem da figura de Aécio Neves, governador com maior índice de aprovação na história do Estado, Anastasia se apresentou como o candidato que iria continuar essa boa gestão, reconhecida pela população.

Talvez este tenha sido o “pecado capital” cometido pela equipe de Hélio Costa, comandada pelo experiente publicitário Duda Mendonça: como tenta o cargo pela terceira vez, as estratégias de comunicação apostaram em um suposto conhecimento prévio do eleitor em relação à história política do candidato. Além disso, na tentativa de poupar críticas ao ex-governador Aécio Neves, os programas do peemedebista apontaram indicadores negativos na saúde, segurança e educação, atribuindo esses índices ao então vice de Aécio. Entretanto, a execução equivocada desta estratégia levou muitos eleitores a entender que Hélio Costa se mostrava contra as boas ações do governo estadual, sobretudo a construção da moderna Cidade Administrativa, citada por Hélio em vários programas e todos os debates. Pontos preciosos perdidos nas últimas pesquisas.

Entre os candidatos a presidência, não tenho dúvidas que a maior vencedora deste processo eleitoral será a ex-senadora Marina Silva (PV). Mesmo ficando de fora do segundo turno, a candidata se apresentou como uma terceira via e conquistou milhares de eleitores com a sua “onda verde”. Se fortalece como grande oposição ao futuro governante, já pensando em vôos maiores nos próximos pleitos. Já o socialista Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) pode ser considerada a figura mais pitoresca dos processos eleitorais pelos quais passamos nos últimos 20 anos.

A equipe de marketing de José Serra (PSDB) teve a árdua tarefa de tentar desqualificar a candidata do PT, Dilma Russef, sem atacar diretamente o presidente Lula, que deixa o governo com índices históricos de aprovação, sobretudo entre as massas populares. Apesar de contar com uma grande estrutura, possuir um candidato tecnicamente preparado, com histórico político e um belo antecedente de governo praticado em São Paulo nos últimos 4 anos, a equipe de Comunicação tucana só não contava com dois imprevistos: a falta de habilidade do candidato em implementar esta estratégia nos programas e, principalmente, nos debares entrando em um embate direto com a petista e, automaticamente, com o presidente Lula; e a força imensurável que a presença e a imagem do presidente traria à imagem pouco conhecida de Dilma. Um fenômeno que, de fato, tem um enorme poder de transferência de votos, ao contrário do que muitos pensavam.

Quanto às estratégias de Comunicação da cúpula petista, duas delas devem ser ressaltadas: a extrema qualidade das produções de estúdio e externas, levando Dilma a todos os pontos do Brasil com extrema qualidade de direção de arte e imagens; e a linguagem popular não-forçada em suas peças de campanhas e programas eleitorais no rádio e na TV. Falar e interagir com a população é muito mais do que forçar sotaques e “transformar” seu nome de José para Zé. É compreender as formas mais universais de se transmitir uma mensagem sem denegrir a nossa língua e as tradições locais, de uma forma convincente e valorizando a cultura nacional e as tradições locais. Sob este ponto de vista, a equipe de Marketing do PT deu um show nos concorrentes. Resta saber se esta “tempestade de idéias” se transformará, em caso de vitória do PT, em projetos e ações efetivas de governo. É esperar para ver...

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