terça-feira, 9 de novembro de 2010

A arte de tomar decisões


No dia 15 de maio deste ano, ocupei este espaço com o seguinte texto: “A arte de engolir sapos”. Naquela oportunidade argumentei, com uma retórica bem embasada, que lidar com pessoas requer uma habilidade técnica e psicológica tão apurada quanto conhecimento em língua portuguesa, elaboração de textos, criação em software ou na defesa de uma logomarca. Afinal de contas, jornalistas trabalham o tempo todo com pessoas. Aliás, o produto final dos jornalistas depende diretamente de uma série de pessoas: do dono do veículo, do editor, das fontes, do cinegrafista... Afirmei, naquela oportunidade, que muitas das vezes, a falta de habilidade no relacionamento acaba jogando por terra uma excelente pauta. E pontuei que fazer jornalismo é como a arte de jogar uma bela partida de sinuca: jamais se “mata” uma bola sem pensar na próxima jogada. Jamais pensamos em uma cobertura sem se lembrar que amanhã, ou depois, podemos depender daquela mesma fonte para outra matéria.

O mesmo vale para os publicitários, uma vez que a arte de “engolir sapos” com sabedoria se faz extremamente necessária, uma vez que ele trabalha com um bem intangível, mas extremamente valioso de uma empresa: a marca. Por isso, é normal escutar insultos e aberrações que, nem sempre, condizem com o contexto da situação nem com o pensamento formado pelo emissor a seu respeito. Faz parte da rotina de trabalho destas duas nobres profissões!

Entretanto, além de ter o “dom” de engolir sapos, profissionais da área executiva convivem com outra habilidade fundamental para se dar bem no mercado: a arte de fazer escolhas. Ou, utilizando um termo comum da Administração: saber tomar decisões. Pode parecer jargão ou senso comum, mas o comodismo de protelar decisões ou de não assumir escolhas importantes desqualificam muitos bons profissionais em diversas oportunidades de ascensão profissional, troca de empregos (tai uma decisão/escolha difícil) ou, inclusive, em busca de oportunidades de negócios. Na maioria dos casos, a maior dificuldade não reside em fazer a escolha. A dificuldade está, geralmente, em aceitar a renúncia (afinal de contas, uma escolha implica, definitivamente, em uma respectiva renúncia). E assumir essas renúncias, de fato, é uma grande habilidade profissional.

Nessas escolhas, são fundamentais alguns cuidados. Não permitir que as emoções e os impulsos influenciem nas decisões. É como fazer compras após um dia inteiro de trabalho e com fome. Inevitavelmente, o carrinho tende a ficar cheio de guloseimas que, em condições normais, não estariam naquela compra. Impulso! Fato é que uma decisão mal elaborada e encaminhada, dificilmente permite que se volte atrás ou, o que é pior, terá que conviver com ela por longos períodos de tempo, tentando acertar as arestas ou rotas. Ainda mais para o profissional de Comunicação, que não pode cometer o erro de analisar fofocas e conversas de bastidores, procurando avaliar com realismo os fatos ocorridos. Na maioria das vezes uma decisão mal encaminhada alicerçou-se em falácias e interesses de alguns grupos.

Equilíbrio e moderação são requisitos fundamentais em uma tomada de decisão mais consistente e com maior grau de importância, seja para o tomador ou para outras pessoas envolvidas. Deixar bem claro o curso que deve ser tomado por todos, após a tomada de decisão, é fundamental. Em geral, quando o rumo não está nítido, as pessoas se sentem frustradas e perdidas e passam a não respeitar a decisão tomada. Neste sentido, acompanhar o andamento e o desenvolvimento de uma decisão tomada, bem como o entendimento e a aplicação na prática por todos é fundamental. Avaliar, elaborar retrospectos, pesquisar e procurar as melhores cabeças experientes, que possam originar a visualização dos mais variados cenários, pode ser de grande valia para que a decisão a ser tomada seja correta. Portanto, percebe-se que, assim como “engolir sapos”, tomar decisões e entender a relação entre escolhas e renúncias é fundamental para um executivo nos dias atuais.








Nenhum comentário:

Postar um comentário